quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Entre a austeridade doseada e o Cabo das Tormentas

Os jantares de Natal dos Grupos Parlamentares dos partidos políticos fazem parte da tradição. Também por tradição PS e PSD abrem o evento à comunicação social e, ora governo ora oposição, aproveitam os votos de boas festas para o discurso político.
Este ano a regra cumpriu-se mas com algumas ‘nuances’. O PSD, agora no governo, fez saber que, em nome da contenção, substituía o tradicional jantar por um convívio em final de tarde.

Logo se pensou tratar-se de um cocktail onde se mostrariam uns modestos croquetes e frutos secos, a servirem de cenário "pobre" para a habitual mensagem de Natal do líder aos deputados e funcionários do partido.
Afinal, foi um lanche ajantarado, bem servido, onde não faltou o queijo da serra nem o presunto, pratos quentes e mesas fartas de doces.




Uns pisos abaixo, o PS também tinha marcado o seu jantar de Natal. Mas, apesar de manter o pomposo nome de jantar, e ao contrário do que se escreveu aqui, a refeição socialista revelou-se bem mais frugal. "Muito pobrezinho" - queixava-se um dos presentes.

Tratava-se afinal de um cocktail, bem diferente dos jantares sentados do tempo do PS de José Sócrates.




Quando apareceu a sopa, só a cobrir o fundo da tigela, ainda os convivas pensaram que daí a pouco chegariam os pratos quentes. Mas nada. Só apareceria mesmo António José Seguro, atrasado meia hora, directamente de São Bento, depois da reunião com o Primeiro-Ministro que, apesar de divulgada em cima das oito da noite, fôra marcada a meio da tarde. O Secretário-Geral do PS não quis falar do encontro mas questionado sobre se este tinha envolvido mais medidas de austeridade, respondeu que "para isso não era preciso chamarem-me". Ouvir




Sem troca de presentes, Carlos Zorrinho e António José Seguro discursaram com o líder do PS a defender uma austeridade doseada. Ouvir peça

(A noite socialista acabou...em restaurantes da zona de S. Bento.)


O convívio do PSD estava marcado para as 18h30, mas foi necessário esperar pelo final do Plenário. Certo é que Passos Coelho mal deu tempo aos deputados para atravessarem os longos corredores e, alegando compromissos inadiáveis, nem quis esperar pelos telejornais das oito. Falou pouco tempo. Ainda assim, em menos de um quarto de hora, aproveitou os votos de boas festas passar uma mensagem de esperança aos portugueses: “em 2013 Portugal já terá passado o cabo das tormentas”. Ouvir peça

O momento ainda é de contenção mas o Primeiro-Ministro não ficou sem presente. Luís Montenegro, ofereceu ao líder do partido uma edição encadernada com as intervenções de Passos Coelho no Parlamento, enquanto deputado.
Remexer na história pode trazer surpresas, por isso, Passos Coelho só espera que os discursos do passado, não sirvam de "arma de arremesso nas mãos dos adversários políticos.

Sem comentários:

Enviar um comentário